sábado, junho 03, 2006

O violinista de Ansião


Na foto- Ao violino- Ilídio Paz- o meu saudoso pai

A acompanhar à viola clássica- um amigo por identificar.

O concerto foi mesmo defronte à casa dos meus avós paternos, na praça do Município, nos idos anos 30. Nessa casa, no rés do chão, existiu a casa de fotografia " Santos", no final do séc XIX e princípio do século XX, ao tempo do meu bisavô Manuel Freire dos Santos ( ilustre juíz de paz no tempo da monarquia, mas também barbeiro e fotógrafo). Mais tarde foi mercearia e também casa da fotografia "Paz" no tempo do meu avô Adriano Freire da Paz (genro de M. el F. dos Santos).

O tempo passou, mas a memória prevalece e a História de Ansião não pode ser esqueçida nem ignorada, ainda que o restauro deste e doutros edifícios não tenha respeitado a traça inicial: Um primeiro andar com janelas de guilhotina e uma águas furtadas com respectiva janela sobre o telhado.

Ainda hoje há ansianenses desta época «áurea», que resistem ao tempo.

Ansião foi paragem importantíssima ao tempo d a estrada real, que por aí passava. Recebeu ilustres personagens na Estalagem (hoje desaparecida) do fundo da rua, onde existe um café e a residência de uma prima minha.
Nesses tempos (meados do séc XVIII) A Mala Posta e outras carruagens, diligências ou coches particulares, mas também carroças de burros, traquitanas e outros esquisitos meios de transporte, hoje esqueçidos, mas ainda hoje considerados românticos meio de transporte, que circulava por essas estradas empoeiradas, de terra batida e encascalhada, que tantas rodas quebrou. quantas horas se perdiam para a reparação de rodas, arreios e outros tantos apretexos indispensáveis. Muitas horas ou dias eram necessários, para percorrer distãncias que hoje se percorrem em duas ou três horas. Aí , ao fundo da rua- centro nevrálgico de Ansião, paravam, para descanço na Estalagem, as carruagens/charrettes com ilustres personagens, tal como o conde da Ericeira, o marquês de Pombal, o jurisconsulto Pascoal Freire de Melo e muitos outros, descritos em livros, de amigos e contemporâneos do meu pai, como o Sr. Cézar, que já trouxeram muita honra a Ansião.
Não eram apenas a ilustre nobreza era também o povo, peregrinos, vadios e gatutunos das ditas carruagens, que circulavam em asnos ou a pé. Só que, em vez de Estalagens para os receberem, estavam as tascas, os palheiros, como local de convívio ou descanço.
Ainda mais para tráz no tempo, os peregrinos, que se dirigiam em direcção a Santiago de Compostela, faziam aí paragem(ao fundo da rua) para aí refrescarem as gargantas com água fresca, onde hoje há um painel de azulejo, dedicado à raínha Santa Isabel. Nessa altura, com destino a santiago de Compostela, passavam em direcção a Coimbra, dando a volta por Santiago da Guarda.
Mais ainda atráz no tempo, por altura dos romanos, havia a calçada romana, ainda conservada por ali perto em vários locais, mas infelizmente sem a dignidade merecida e adequada à sua importância histórica.

Que haja ansianenses de coragem para lhe devolverem essa dignidade merecida!
Certamente o turismo atrairá um sem número de curiosos nacionais e estrangeiros, se souberem recriar a história, restaurando percursos e edifícios e porque não até meios de transporte, hoje apenas existentes nalguns museus nacionais e estrangeiros.


Pela minha parte, procurarei através de romance a publicar futuramente, recordar esses tempos das carruagens de cavalos, servidas a meio dos caminhos pelas estalagens e pitoescas casas de repasto.
Que tempos tão belos de romançe, de intrigas, de conspirações, viagens secretas e de tanta história por contar!

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